terça-feira, 15 de julho de 2008

Entrevista de Christian "Batman" Bale ao UOL Cinema

O ator Christian Bale, o Batman/Bruce Wayne de Batman Begins e Batman: The Dark Knight concedeu uma entrevista ao portal UOL Cinema, que você pode conferir aqui:




Repórter: Seu Batman é visto como uma ameaça pelo sistema legal e por alguns cidadãos. Você acha que ele é um herói?

Bale: Olha, o Batman só é necessário porque o sistema é falho. Claro que gostaríamos de acreditar que os cidadãos vão se rebelar, bater o pé e lutar a favor da justiça em situações nas quais o sistema erra. Bruce Wayne ideologicamente espera que surja alguém como Harvey Dent, que luta contra corrupção e as falhas do sistema de forma legal. Batman é um personagem com varias dimensões, multifacetado. Por isso que é tão interessante, pois não é o cavaleiro da armadura brilhante. Ele deseja fazer o bem de forma altruísta, mas tem muita violência, raiva, vingança e outros sentimentos negativos em si. Sempre existe a questão se ele vai ultrapassar os limites. Sem dúvida, Batman não é um super-herói. Nem superpoderes ele possui.

Repórter: Ao mesmo tempo, o Coringa serve como uma força caótica que a natureza proporciona ao dar luz a um herói. Ele seria a outra face da moeda do Batman, tão obstinado quanto o "mocinho" em sua ideologia anarquista...

Bale: Exatamente. Nenhum dos dois vai desistir de suas missões por nada neste mundo. Uma coisa que não podemos falar sobre o Coringa é que seja um hipócrita. Ele cumpre suas promessas e está disposto a morrer por suas crenças. É isso que ele despreza na sociedade, o fato que de acreditar tão facilmente no que é jogado em suas vidas e como correm de medo, se escondendo atrás de heróis que têm a coragem de confrontar o sistema. O Coringa enfrenta o Batman, alguém tão comprometido quanto ele, mas a grande diferença é que o Batman tem moral, não vai matar. E isso é a grande provocação do Coringa. Ele quer provar que todo mundo tem um limite, um preço e, eventualmente, se venderá.

Repórter: Qual sua idéia de herói perfeito, então?

Bale: Como é o herói de todo mundo? Alguém que se impõe e fala a verdade sem se importar com as conseqüências. Ao mesmo tempo, precisamos questionar se essa é a maneira certa de se comportar em algumas situações. As pessoas tendem a fazer tudo para sobreviver e é aqui que entra a questão moral: Você comprometeria seus princípios e viveria de joelhos? Este é o dilema do Batman.

Repórter: Você é um ator com muita história no cinema alternativo, sempre procurando papéis inusitados. Agora, além do Batman, você também está trabalhando em outra megaprodução, "O Exterminador do Futuro 4", batizado de "Terminator Salvation". Por que essa mudança?

Bale: Nunca me importei em ser comercial ou não. Fiz apenas filmes que as histórias me interessaram. Cometi muitos e muitos erros. Erros coletivos, claro, porque é o diretor que faz um filme ser fantástico. Chris Nolan fez "Batman Begins" ser maravilhoso, apesar de o elenco gerar performances iconográficas. Ao mesmo tempo, se o filme falhar, o culpado é o diretor, não importa qual ator esteja escalado. Nunca liguei para saber de onde o dinheiro estava vindo. Tive a mesma satisfação fazendo filmes independentes e "Batman - O Cavaleiros das Trevas". Neste longa, Chris Nolan prova que qualquer gênero pode ser soberbo nas mãos certas.

Repórter: Você disse que cometeu alguns erros. Consegue perceber como um trabalho será durante as filmagens?

Bale: Posso apenas torcer que o filme seja ótimo e tentar ver o trabalho lá do meio das árvores, porque, às vezes, ficamos tão imersos que fica impossível ter uma idéia do plano geral. Minha confiança cresceu na capacidade de julgar como a obra está indo, porque estive errado muitas vezes e conheço o caminho. Agora, tento não cometer erros gigantes.

Repórter: Qual a diferença do seu Batman nesta continuação?

Bale: Fisicamente, eu não estava num estado de fraqueza tão grande quanto o da época de "Batman Begins", quando sai de "O Operário" quase sem músculos e muito magro, e o uniforme é mais maleável. Em relação ao personagem, Chris (Nolan) delineou sua evolução para mim. Batman se desenvolve, amadurece e ganha novas responsabilidades com o surgimento do Coringa, que questiona e força sua ética.

Repórter: O que existe de tão atraente num personagem como o Batman?

Bale: Acho que tenho uma fascinação pelo extremo. Personagens sombrios tendem a atrair mais a atenção. É algo normal, porque somos interessados nas pessoas que quebram as regras da sociedade civilizada. É uma sombra que todos nós carregamos.

Repórter: Mas você gosta de fazer papéis heróicos ou se sente mais a vontade como Patrick Bateman, o assassino de "Psicopata Americano"?

Bale: Gosto da variedade. Quero ser capaz de fazer de tudo na minha carreira. Fiz personagens dementes no passado e vou fazer novamente no futuro. Há dez anos, Gary Oldman poderia viver o Coringa sem o menor problema. Hoje, ele interpreta o comissário Gordon, a bondade encarnada. Isso é ser ator.

Repórter: No meio das filmagens, ainda sobra tempo para se empolgar com os veículos que precisa dirigir ou já virou um fato usual estar atrás do volante de um Lamborghini?

Bale: Imagina. Todo os dias de folga, eu falava para as pessoas que precisava treinar um pouco mais minhas cenas perigosas, testar umas novas técnicas no carro (risos).


Link original: http://cinema.uol.com.br/ultnot/2008/07/15/ult4332u818.jhtm

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